A medicina era o sonho de infância da estudante Renata Craveiro, de 18 anos, que após um resultado negativo na prova do Enem em 2019, resolveu buscar ajuda psicológica para encarar uma rotina de estudos naturalmente exigente.
Insegurança, medo, ansiedade, sentimento de culpa, preocupação excessiva estavam entre os sentimentos que norteavam os pensamentos da estudante, que decidiu buscar auxílio psicológico no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) para receber atendimento psicológico e psiquiátrico.
Com o início da pandemia de Covid-19, a estudante não conseguiu continuar o tratamento no CAPS, e recorreu ao auxílio oferecido pela escola onde fazia o pré-vestibular.
“A rotina de estudo é muito puxada, e ela não exige só saúde física, mas também a mental”, lembrou Renata.
As incertezas e a rotina imposta pela pandemia também afetou a estudante.
“A questão de ficar isolada dos meus colegas de turma e não ir presencialmente durante a maior parte do período de pré-vestibular me deixou muito ansiosa, porque a gente ficava o dia inteiro no quarto sozinho, assistindo aula de manhã e de tarde. É muito cansativo psicologicamente”, disse.
Estudante relata como o apoio psicológico foi fundamental no Enem
O acompanhamento com a psicóloga escolar foi realizado durante todo o ano letivo de 2020, quando Renata cursou o pré-vestibular, e ela afirma que esse apoio foi fundamental para conquistar a sua vaga para Medicina na Universidade Federal do Piauí (UFPI).
“O apoio psicológico foi de extrema importância na minha conquista, porque ele me permitiu ter mais confiança e tranquilidade no momento da prova”, afirmou a estudante.
1ª Lugar em medicina na Uespi
Gabriel Albuquerque conta como procurou apoio psicológico — Foto: Arquivo Pessoal
O estudante Gabriel Albuquerque também recorreu ao apoio psicológico para superar as inseguranças pessoais após três resultados negativos no vestibular. E o resultado veio: 1ª lugar no curso de Medicina na Universidade Estadual do Piauí (Uespi).
“Eu não tinha problema com ansiedade, mas insegurança com certa frequência, mesmo indo bem nos simulados, não conseguia o êxito na hora do vestibular”, recordou.
O estudante lembra que o problema estava no dia do vestibular, e que após a indicação de uma amiga, que havia alcançado êxito na prova, o estudante resolveu buscar o apoio psicológico na escola.
Gabriel ressalta que os resultados positivos começaram a aparecer já na primeira semana de acompanhamento com a psicóloga.
“Eu já me sentia melhor, conseguia prestar mais atenção em mim, e com isso, conseguia controlar minhas emoções, e ao chegar nos simulados pensava ‘esse é só mais um simulado’ e isso me ajudou a chegar bem no Enem”, contou.
Dia Internacional da Saúde Mental — Foto: Reprodução
A psicóloga clínica e escolar Hanna Saunders que fala como é realizado o trabalho com alunos antes das provas do Enem. Ela destaca que um dos papeis do profissional, durante o ano escolar de um aluno vestibulando, é a prevenção dos sintomas de problemas como: ansiedade, depressão, falta de motivação, medo, insegurança, dentre outros; comuns de se observar em estudantes que estão na preparação para o vestibular.
Hanna ainda ressalta que o período pré-Enem já é naturalmente um gerador de ansiedade, por conta da carga emocional que o aluno, que se prepara durante o ano inteiro, dois, três anos tem, e o trabalho de prevenção, cuidado e busca por acompanhamento faz toda a diferença na vida desses alunos.
“Trabalhamos com projetos, encontros, palestras, com rodas de conversa desde o início do ano, para que ao sinalizar os primeiros sintomas, esse alunos saibam a quem recorrer para buscar ajuda”, explicou.
Psicóloga fala da importância da saúde mental para candidatos do Enem
A pandemia da Covid-19 impactou em todos os segmentos da sociedade mundial e com a saúde mental do brasileiro não foi diferente. Uma pesquisa mostrou que 52% dos jovens de 16 anos sentiu que sua saúde mental e emocional piorou durante a pandemia. O estudo foi realizado pela comissária da Irlanda do Norte para crianças e jovens. Na educação, os danos causados levarão anos para serem ajustados.
Hanna conta como os alunos receberam a “nova realidade” imposta pelas condições sanitárias.
“Foi o momento em que o mundo ficou sensível, então níveis de ansiedade aumentaram muito nesse período e os de motivação caíram. Distanciamento social, isolamento social, aulas online, tudo isso mudou muito a rotina e eles tiveram que se readaptar dentro de um contexto de medo e insegurança” , disse.
Na reta final de preparação, geralmente os dois meses que antecedem a prova, a psicóloga reitera que o trabalho de controle da ansiedade é intensificado, assim como estímulo à motivação.
“Fazemos trabalhos recreativos, bate-papo com ex-alunos, momentos com os professores, proporcionando a interação entre eles, além do apoio, incentivo e cuidado” , finalizou.
A psicóloga dá dicas de como o vestibulando pode conseguir este equilíbrio emocional para se dar bem nas provas:
- Conversar com um profissional e com os colegas;
- Fazer atividades físicas para melhorar ansiedade;
- Ter um bom sono – mínimo entre 6 e 7 horas por dias porque também ajuda na memorização dos conteúdo;
- Manter uma alimentação saudável sem excessos principalmente à noite;
- Fazer uma rotina de estudos que satisfaça suas necessidades, pensando mais na qualidade do que na quantidade.
“A saúde mental é primordial e fundamental para o êxito nas provas. Não adiante está com o conteúdo 100% se não estiver com autoconfiança e autocuidado ok. A ansiedade e o nervosismo atrapalham muito. Inteligência emocional é primordial”, finaliza Hanna Sounders.
*Estagiária sob supervisão de Caroline Oliveira
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Fonte: G1 – Educação